Andar de bicicleta faz bem à saúde, à economia, ao ambiente e favorece a participação cívica.
A Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa Ciclável visa privilegiar a mobilidade ativa em detrimento do transporte individual motorizado. Plasmada pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 131/2019, a Estratégia defende a excelente relação custo-benefício e enormes vantagens que andar de bicicleta proporciona em áreas fundamentais para a qualidade de vida de todos.
Mobilidade ativa é a capacidade de deslocação, com recurso a meios de transporte sem autopropulsão, implicando atividade física deliberada e necessária. Aqui incluem-se o andar a pé e a deslocação em bicicleta.
A utilização da bicicleta contribui para a maioria dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável definidos pela Organização das Nações Unidas e há boas razões para promover a bicicleta num quadro de mobilidade sustentável.
Faz bem à saúde
Diabetes, depressão, doenças cérebro-cardiovasculares, oncológicas e respiratórias são doenças crónicas não transmissíveis que, segundo a Organização Mundial da Saúde, têm na inatividade física um dos principais fatores de risco. Usar a bicicleta nas deslocações quotidianas contribui para reduzir os riscos e patologias associadas ao sedentarismo.
Com o uso da bicicleta há uma redução do recurso a veículos motorizados, e com eles uma diminuição da poluição atmosférica e do ruído. Menos veículos motorizados significa também menor sinistralidade.
Fortalece a economia e cria emprego
Em percursos de 3 a 5 km, pedalar é a forma mais rápida e fiável de deslocação. Na prática, isto traduz-se em maior rapidez de deslocação e estacionamento perto do destino. Ou seja, maior produtividade laboral pela redução dos atrasos nas deslocações urbanas e menos encargos com o sistema de transportes, dependente do exterior para energia, equilibrando a balança comercial do país. O absentismo por doença também desce.
A economia de proximidade sai também a ganhar, dado que o número médio de visitas a estabelecimentos comerciais tende a aumentar, bem como o nível total de consumo per capita. De acordo com a Estratégia Turismo 2027, as atividades turísticas associadas à utilização da bicicleta («cycling») são um relevante contributo para a diversificação da oferta e captação de procura internacional.
Os encargos do Serviço Nacional de Saúde estimados em aproximadamente 900 milhões de euros por ano, associados ao sedentarismo e inatividade física, teriam também uma eventual redução.
Portugal, o maior produtor europeu de bicicletas entre 2020, 2021 e 2022, com, respetivamente, 2,6 milhões, 2,9 milhões e 2,7 milhões de bicicletas produzidas, sai também a ganhar com a geração de emprego e crescimento económico, diretamente ligados a uma maior utilização deste meio.
Atualmente, a fileira da bicicleta é responsável por cerca de 650 000 postos de trabalho, sendo estimado que o número de bicicletas com assistência elétrica em circulação na Europa é de 6,5 milhões, número que poderá superar os 60 milhões em 2030.
É melhor para o ambiente
Os compromissos decorrentes do Acordo de Paris e de Glasgow, no sentido de garantir a neutralidade carbónica em 2050, implicam uma progressiva descarbonização da economia. Os transportes têm aqui um papel relevante.
O Roteiro para a Neutralidade Carbónica e o Plano Nacional de Energia e Clima estabelecem que, até 2030, as emissões de gases com efeito de estufa terão de ser reduzidas entre 45% e 55%, e que 45% a 47% do consumo de energia terá de ser de origem renovável. As deslocações realizadas a pé ou com bicicleta constituem opções racionais do ponto de vista energético, em especial face ao automóvel, tornando o transporte de pessoas e bens mais eficiente. O custo de produção de uma bicicleta também tem um custo ambiental menor que o de um automóvel.
Substituir a utilização do automóvel por modos ativos reduz a poluição sonora e as emissões poluentes produzidas pelos transportes motorizados.
Promove a cidadania
A opção pela mobilidade ativa confere mais autonomia, responsabilidade e perspetivas de exploração do mundo em redor, às crianças e jovens e permite poupanças significativas face ao transporte diário dos alunos em automóvel.
A maior segurança para grupos sensíveis como crianças, idosos, ou pessoas com mobilidade reduzida é uma vantagem. Andar de bicicleta «contribui para a humanização das cidades e promove o exercício da cidadania, a participação na vida pública e a inclusão social, reduzindo desigualdades, aumentando o sentido comunitário e o bem-estar individual e coletivo». Para isso, o espaço público deve garantir condições de segurança e conforto.