Como estão as políticas e práticas de promoção do uso da bicicleta na Europa? Alguns números e exemplos.

Os números de utilização da bicicleta estão em crescimento por toda a Europa.

Uma visão europeia para o uso da bicicleta

A 3 de abril de 2024 foi assinada Declaração Europeia para a Bicicleta com o objetivo de avançar no sentido de um futuro mais sustentável. Esta declaração reconhece a bicicleta como um meio de transporte acessível e inclusivo, económico, saudável e com um forte valor acrescentado para a economia da União Europeia. A declaração enumera compromissos para impulsionar o uso da bicicleta com o objetivo de orientar ações futuras, entre eles:

  • redes cicláveis mais seguras e com maior interoperabilidade com os restantes sistemas e serviços de mobilidade e transporte;
  • implementação de mais pontos de carga para bicicletas elétricas;
  • mais percursos cicláveis a ligar áreas urbanas e rurais.

Adotado em 2021, o Pan-European Master Plan for Cycling Promotion contém recomendações para realocar espaço para ciclistas e peões, melhorar a infraestrutura ciclável, aumentar a segurança de ciclistas e peões para reduzir mortes, desenvolver políticas nacionais e integrar o ciclismo nas políticas de saúde e no planeamento urbano e de transportes.

O Novo Quadro da UE para a Mobilidade Urbana de 2021 veio propor:

  1. Uma abordagem reforçada dos nós urbanos da RTE-T;
  2. Uma abordagem fortalecida dos planos de mobilidade urbana sustentável (PMUS) e dos planos de gestão da mobilidade;
  3. Acompanhamento dos progressos através dos indicadores de mobilidade urbana sustentável;
  4. Serviços de transportes públicos atrativos, apoiados por uma abordagem multimodal e pela digitalização;
  5. Mobilidade mais saudável e segura com uma tónica renovada nas deslocações a pé, de bicicleta e na micromobilidade;
  6. Logística do transporte urbano de mercadorias e entregas no «quilómetro final» com emissões nulas;
  7. Digitalização, inovação e novos serviços de mobilidade.

A mobilidade deve ser segura, acessível, inclusiva, inteligente, resiliente e sem emissões e alicerçada na mobilidade ativa, coletiva e partilhada.

A Estratégia de Mobilidade Sustentável e Inteligente de 2020 da Comissão Europeia traça o rumo para uma mobilidade ecológica, inteligente e a preços comportáveis e estabelece as bases para um sistema de transportes da União Europeia capaz de concretizar a sua transformação ecológica e digital e tornar-se mais resiliente a futuras crises.

Educação para a Mobilidade Ciclável

O SUAVA – Sistema Universal de Apoio à Vida Ativa visa contribuir para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para criar sociedades, sistemas, ambientes e pessoas ativas.

Com este programa, o Instituto Português do Desporto e Juventude, em parceria com a Direção-Geral de Educação, até ao final de 2024, irá distribuir cerca de 17 800 bicicletas por 863 estabelecimentos de ensino com o 2.º ciclo de ensino básico, contando com o apoio do Plano de Recuperação e Resiliência, num investimento de cerca de 2,8 milhões de euros.

No âmbito da medida «Desenvolver um quadro de referência nacional para ensinar a pedalar», da Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa Ciclável, a Direção-Geral da Educação desenvolveu o Manual de Apoio ao Professor e Técnico Qualificado para servir de suporte pedagógico aos projetos «Desporto Escolar sobre rodas» e «O Ciclismo vai à Escola».

O manual «Pedala! Da Escola para a Vida» elaborado com o contributo de especialistas convidados e com o apoio de diversas entidades, pretende constituir-se como um instrumento de apoio ao ensino e ao treino das competências associadas à utilização da bicicleta. A competência de andar de bicicleta tem um elevado valor instrumental, ecológico e económico, sendo fundamental no contexto de competências a desenvolver junto de crianças e jovens.

Turismo ciclável

A Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa Ciclável contabiliza 2,2 mil milhões o número de viagens de turismo com bicicleta na União Europeia, totalizando 20 milhões de estadias e um impacto económico de 44 000 milhões de euros por ano, segundo um estudo de 2012 encomendado pelo Parlamento Europeu. Dez anos depois, os dados da EuroVelo, iniciativa da Federação Europeia de Ciclistas, relativos a 2022, estimam em 440 milhões de euros as receitas do turismo ciclável, entre estadias e alimentação, só para Portugal.

O enorme potencial que Portugal apresenta para se tornar um destino de excelência para a prática de caminhadas e ciclismo de lazer está materializado no projeto nacional Portuguese Trails, o qual visa promover Portugal como destino de «Cycling e Walking» junto dos turistas nacionais e internacionais. Este projeto, promovido pelo Turismo de Portugal, conta já com mais de 14 200 Km em mais de 400 de percursos cicláveis e pedonais, ao longo dos quais se oferecem 194 programas turísticos distintos, e é desenvolvido em parceria com entidades públicas locais, regionais e nacionais e empresas turísticas. Todos estes percursos estão disponíveis na plataforma www.portuguesetrails.com.