Os fatores críticos de sucesso são pontos-chave fundamentais para garantir o êxito da Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa Pedonal. É necessária a articulação intersectorial das políticas públicas associadas à mobilidade pedonal bem como aos demais modos de transporte.

Da educação e promoção de novos comportamentos e de compreensão dos benefícios da mobilidade ativa e saudável

As deslocações diárias de crianças e jovens para a escola e atividades complementares dão-se, quase integralmente, em veículos de familiares, não conhecendo o andar a pé como alternativa viável para a sua vida quotidiana. Neste contexto, só uma escola ativa poderá fornecer o conhecimento de que é possível e desejável andar a pé.

É no sistema escolar que se encontra a chave da alteração comportamental desejada. O corpo docente deverá possuir novas competências e munir-se de projetos educativos capazes de estimularem novas formas de mobilidade e, em particular, andar a pé.

Da cultura e da urgência na alteração de comportamentos

As alterações culturais são as mais difíceis de concretizar, mas também as mais estruturantes e eficazes. A promoção do modo pedonal tem nas autarquias locais o principal agente impulsionador. Estas gerem as infraestruturas e estão próximas da população que, predominantemente, elege o automóvel como o principal meio de deslocação.

Do planeamento e da relação da mobilidade com o uso do solo

A forma como as matérias da mobilidade são integradas nas figuras de planeamento do Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, e diluídas no contexto multitemático dos seus conteúdos obrigatórios, não espelha a importância que têm. A relação entre a mobilidade e o uso do solo é incontornável, pelo que deverão considerar seis D essenciais:

  • Densidade;
  • Diversidade;
  • Design;
  • Destino;
  • Distância;
  • Demografia.

O espaço público é um ponto-chave para que andar a pé se possa realizar de forma segura, confortável, atrativa e universal.

Da infraestrutura e da sua utilização em segurança

A segurança de andar a pé carece da existência de uma infraestrutura contínua, direta e segura. O planeamento da rede pedonal requer uma visão de conjunto, global e integrada do sistema de transportes e das relações que se estabelecem entre as deslocações a pé, a ocupação e a envolvente urbana.

Os critérios que devem ser considerados na definição de uma rede pedonal são:

  • Conectividade e adequabilidade;
  • Acessibilidade universal;
  • Segurança rodoviária;
  • Segurança pessoal;
  • Legibilidade;
  • Conforto;
  • Atratividade e convivialidade.

É fundamental eliminar barreiras arquitetónicas no espaço público e tornar a infraestrutura pedonal inclusiva. O conforto e a segurança proporcionados pelos materiais selecionados e o estado de conservação do pavimento são elementos críticos na escolha pelas deslocações pedonais.

A velocidade de circulação automóvel é um dos aspetos dissuasores de andar a pé. As técnicas de acalmia de tráfego e a transformação física da infraestrutura e do ambiente envolvente contribuem para a moderação da velocidade.

Da fiscalidade e incentivos no financiamento da mobilidade pedonal

Estimular a mobilidade ativa através da fiscalidade, de incentivos e/ou recompensas dirigidos a cidadãos e empresas é um caminho que tem sido experimentado em alguns países.

Promover a transferência de receitas provenientes dos impostos associados à aquisição e circulação de veículos automóveis para a criação de apoios à promoção da mobilidade ativa é uma forma de incentivar alterações comportamentais individuais e coletivas, tais como:

  • O aumento da atividade física;
  • A redução do sedentarismo;
  • A promoção da saúde pública;
  • A descarbonização da economia;
  • A redução da pegada ecológica.